​Deputados por Santo Antão pedem atenção à situação complicada da seca. Governo diz que não é preciso drama

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,15 nov 2018 13:56

Os deputados nacionais, eleitos por Santo Antão, pedem ao Governo que dê uma atenção especial a ilha, na mitigação de mais um ano de seca. A questão foi introduzida pela UCID, através de uma declaração política feita hoje, no Parlamento.

O partido, através do seu presidente, António Monteiro pede ao executivo que declare o Planalto Norte e Lagoa, zonas de calamidades naturais. Em causa mais um mau ano agrícola que assola a região, com a população a viver numa situação de “pobreza extrema”.

“Os moradores das zonas afectadas pela seca precisam urgentemente que o Governo lhes proporcione as condições de sobrevivência, garantindo-lhes, em primeiro lugar, trabalho. A UCID pede ao Governo para que declare Planalto Norte e Lagoa como zonas de calamidades naturais, e consequentemente agir em conformidade no sentido de ajudar as famílias que ali vivem”, diz.

O PAICV junta a sua voz à da UCID. Através do deputado Odailson Bandeira, o maior partido da oposição critica a posição do Ministro da Agricultura e Ambiente sobre a situação, e pede um plano que engloba todos os ministérios para dar resposta ao problema.

“Estranhamos o senhor Ministro da Agricultura quando visitou Santo Antão em finais de Outubro, quando fez pouco caso do sofrimento das famílias. Falando para a televisão disse praticamente às pessoas: ‘vocês não morreram no ano passado, este ano também não vão morrer’. Esta é uma questão que temos que condenar. Pensamos que o senhor ministro nunca passou uma noite sem jantar ou nunca teve dificuldade em colocar comida em cima da mesa para alimentar os seus filhos, mas esta tem sido uma realidade muito vivida junto das famílias em Santo Antão e por todo o país, principalmente nas zonas rurais. Queremos pedir também ao Governo que, para além de um plano específico de mitigação, que haja um plano que engloba todos os ministérios, a sociedade civil, as Câmaras Municipais, empresas, agricultores”, considera.

Também o MpD considera que a situação é difícil, tendo em conta que este é o segundo ano consecutivo que não chove, principalmente nas zonas altas da ilha das montanhas.

O deputado, Damião Medina diz que a missão, novamente, passa por salvar os cerca de 23 mil cabeças de gado, promover postos de trabalho e mobilização de água. O responsável político garante, contudo, que tem conhecimento de medidas de mitigação que já estão a ser tomadas.

“Há mais esta situação complicada este ano, derivado á falta da chuva. Temos a certeza, e sabemos que o Governo está cinete disso, que não vai deixar a população sofrer com o capricho da natureza, e que medidas irão ser tomadas para minimizar as dificuldades. Aliás, já temos conhecimento de um programa elaborado com a participação da Câmara Municipal do Porto Novo, antes até do período da chuva, antevendo um cenário de seca”, afirma.

“Não é preciso sermos extremamente dramáticos”

O Governo diz que a situação é decorrente de uma mudança que Cabo Verde está a sofrer. O cenário, segundo o Ministro de Estado, exige do país uma mudança de comportamento, tanto da parte pública como dos agricultores e criadores de gado.

Fernando Elísio Freire garante que o Governo conhece o panorama, e assegura que os trabalhos estão a ser feitos para a sua mitigação.

“Portanto, agradecer os problemas colocados pelos senhores deputados, os desafios colocados em todas as ilhas. O Governo está a trabalhar, não é preciso sermos extremamente dramáticos. Sabemos da realidade, sabemos da situação, mas temos de transmitir serenidade, tranquilidade aos agricultores e criadores de gado no sentido de que o Governo está a trabalhar para resolver a situação e diminuir os efeitos que possa ter sobre a vida dessas pessoas e da nossa importante população rural”, garante.

O ministro diz que é preciso criar capacidade de resiliência no país, recordando que o Governo decidiu, em Conselho de Ministros, a 29 de Outubro, criar o Fundo Nacional de Emergência, considerado como fundamental e estrutural para que Cabo Verde possa dar uma resposta consistente aos fenómenos naturais que tem abalado o nosso país nos últimos anos.

Quanto ao pedido de declaração de calamidade natural nas zonas do Planalto Norte e Lagoa, em Santo Antão, Fernando Elísio Freire diz que o Governo está a avaliar a situação. 

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,15 nov 2018 13:56

Editado porAndre Amaral  em  5 ago 2019 23:22

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