Numa declaração política feita hoje no parlamento, o maior partido da oposição, através do deputado João Baptista Pereira, entende que, sozinhos, os vários investimentos feitos na Polícia Nacional, nomeadamente o projecto “Cidade Segura”, novas viaturas e outros meios operacionais e o aumento salarial não combatem a criminalidade.
“Os investimentos não são um fim em si. Por isso o país precisa de uma polícia mobilizada, formada e motivada para o combate a criminalidade. Mais do que isso, a Polícia Nacional precisa de uma liderança transformacional capaz de motivar, de integrar todas as vontades e de aproveitar as experiências acumuladas ao longo dos anos. Só desta forma os recursos investidos nos efectivos e nos equipamentos de combate a criminalidade terão os impactos almejados”, considera.
O deputado do PAICV entende que a posição do Governo, que garantiu tolerância zero em relação a insegurança, não passa “de mera estratégia de marketing político”. Na óptica do partido, a situação actual não é compatível com os compromissos do executivo.
“Desde logo importa questionar os homicídios que vão acontecendo por todo o país, que nestes cinco meses do ano já ceifaram pelo menos uma dezenas de vidas humanas, o desaparecimento de pessoas em Cabo Verde, os casos frequentes de abusos sexuais de menores e de violência doméstica, os roubos frequentes nas residências, nos estabelecimentos comerciais e nos locais de culto são compatíveis com a propalada tolerância zero em relação a insegurança? Não são compatíveis, respondo eu”, diz.
Do lado do Governo, o Ministro da Administração Interna acusa o PAICV de alarmar os cabo-verdianos para tirar dividendos políticos. Paulo Rocha realça que as ocorrências estão a baixar, o país está melhor e que os acontecimentos recentes são reflexos de uma sociedade complexa onde a criminalidade complexa ocorre.
“Um discurso alarmista, claramente catastrofista, de exploração do medo, de tentativa de aproveitamento político. Temos que ultrapassar este ponto que não traz benefícios ao país”, refere.
O titular da pasta da administração interna reitera que os investimentos feitos na corporação policial tem como finalidade tornar a sociedade mais segura, com menos criminalidade. Para o governante, os resultados já estão à vista, com uma polícia mais rápida, mais efectiva, motivada e com melhores condições.
“Nós trabalhamos com evidências, e as evidências demostram que os resultados são consentâneos com o investimento feito. Que apesar de algumas ocorrências que nos preocupam, estamos no bom caminho e que nós conseguiremos resolver este problema que os senhores [PAICV] não foram capazes de resolver. Esta declaração política não tenta, sequer, esconder a satisfação que o senhor deputado tem em poder fazer barulho a volta dos crimes que infelizmente ocorreram nos últimos dias”, afirma.
Paulo Rocha garante que a polícia e o Ministério da Administração Interna estão atentos e estarão a garantir as melhores respostas.
Sobre a videovigilância, o ministro assegura que o projecto está a funcionar bem, e que vai arrancar em São Vicente, no Sal e na Boavista no segundo semestre deste ano.