Numa declaração política feita esta manhã, no arranque na primeira sessão parlamentar de Julho, o líder da Bancada Parlamentar do maior partido da oposição, Rui Semedo, disse que as manifestações podem ser interpretadas como sinais de vitalidade da democracia, mas critica a posição da maioria.
“O que não está bem no meio de tudo isso é a atitude da maioria que, ou tenta culpabilizar os outros, designadamente a oposição, ou tenta desvalorizar ou banalizar estes fenómenos quando não tenta impedir a organização dos mesmos actos. Temos que ser capazes de analisar onde falhamos e o que é que tem que ser urgentemente feito para garantir o desenvolvimento dessas ilhas sem grandes convulsões sociais e com oportunidades para todos”, diz.
Rui Semedo entende que os protestos são consequência de um conjunto de actos desajustados que têm tido impacto directo na vida das pessoas.
“Não é difícil de descortinar que os cabo-verdianos, para além de desiludidos, se sentem defraudados perante os compromissos assumidos pelo MpD, antes em campanha eleitoral e posteriormente em programa de governação”, entende.
Em resposta, o Governo, através do ministro Abraão Vicente, referiu que não se pode transformar as manifestações em actos eleitorais. O governante diz que o executivo não aceita a imposição de uma leitura da realidade nacional, a partir de um grupo de pessoas.
“Em França, Paris foi invadida em 20 fins-de-semana consecutivos por manifestantes. Macron continua a ser o presidente com toda a legitimidade e a fazer reformas estruturantes. E este Governo tem um projecto para São Vicente, é indesmentível. As obras estão a decorrer. Não aceitamos a imposição de uma leitura da realidade de Cabo Verde a partir de um grupo de pessoas que se auto-intitulem representantes do povo”, afirma.
Abraão Vicente reforça que o Governo de Ulisses Correia e Silva não tem medo de enfrentar manifestações.
“Estranham porque é que nós não utilizamos os mesmos meios que o PAICV para impedir que as pessoas saiam à rua. E não o faremos porque acreditamos na democracia, na liberdade de expressão”, refere.
O Governo diz que o trabalho está ser feito em todas as ilhas e que não vai ceder perante aquilo que chama de populismo e demagogia.