​PAICV acusa Governo de querer condicionar vozes críticas da imprensa

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,28 fev 2019 11:42

O PAICV volta a chamar a atenção do Governo para a situação dos órgãos de comunicação social do país, nomeadamente privados. O maior partido da oposição refere-se à situação financeira dos órgãos, acusando o executivo de querer “manter as vozes críticas da imprensa devidamente condicionadas”.

Posição manifestada através de uma declaração política, feita hoje, no Parlamento, pelo líder da bancada parlamentar do PAICV, Rui Semedo.

“Agora inventaram nova forma de travar e silenciar as vozes críticas e incómodas, com códigos de silêncio, censura expressa e descarada, sufoco financeiro à imprensa privada, protocolos absurdos com o INE e Inforpress, que não visam outra coisa se não manipular a opinião pública e branquear os desmandos da maioria. Temos órgãos a passarem por dificuldades e sufoco, mas o que interessa ao Governo é manter as vozes críticas da imprensa devidamente condicionadas, para poder orquestrar a manipulação informativa e da opinião pública, e encobrir os desmandos e descasos governativos”, acusa.

O parlamentar afirma que o Governo do MpD encontrou um fundo de apoio ao desenvolvimento da comunicação social devidamente regulamentado, que contava com 10% do Fundo Universal da Sociedade de Informação. Rui Semedo diz que o executivo de Ulisses Correia e Silva não accionou esse mecanismo.

O responsável político critica o estatuto de utilidade pública para órgãos privados de comunicação social, anunciado em Janeiro pelo ministro Abraão Vicente, e o valor dos incentivos para o sector.

“Agora, anuncia o estatuto de utilidade pública, quando sabe muito bem que nos termos da lei actual os benefícios são quase nulos para as empresas que operam neste ramo. Há quase dois anos, o Primeiro-Ministro anunciava o aumento dos incentivos à imprensa privada de 13 para 15 mil contos. Na verdade, esse aumento ficou só no verbo, que não chegou a ser conjugado. O montante não aparece nos mapas do Orçamento de Estado, mas o mais grave é que, na prática, o Governo diminuiu esta verba”, entende.

O Governo afirma que o ministro Abraão Vicente, tutela da comunicação social, está no bom caminho. O ministro de Estado, Fernando Elísio Freire diz que o executivo quer uma comunicação social isenta e com condições de trabalhar.

“O que não admitimos é invenção de factos, fazer uma visita como ataque à imprensa, fazer declarações consistentes de reforma como ataques à imprensa. Todos os nós sabemos que as instituições da justiça e da regulação funcionam em Cabo Verde, a comunicação social funciona. Eu não quero uma comunicação social a favor ou contra, quero uma comunicação social verdadeira e isenta. Não quero um jornalista a favor ou contra, quero um jornalista isento e com condições de fazer o seu trabalho. É esta a verdade, é este o país que nós sonhamos e que vamos construir”, diz.

Recorda-se que o Governo anunciou que vai dotar os órgãos de comunicação social privados de estatuto de utilidade pública. Trata-se de uma medida de incentivo para que as referidas empresas possam investir, através do valor arrecadado com o IVA, em recursos humanos e materiais. O objectivo, segundo avançou Abraão Vicente, é que Cabo Verde tenha uma imprensa privada forte e capaz de melhorar nos índices internacionais sobre a liberdade de imprensa.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,28 fev 2019 11:42

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  20 nov 2019 23:21

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