Numa declaração política feita hoje, no parlamento, o deputado do maior partido da oposição, João do Carmo, condenou o facto de a embarcação ter sido adquirida pelo Grupo ETE, e não pela Cabo Verde Interilhas.
Com “todos os recursos que o Governo mete na Cabo Verde Interilhas e este, ao invés de adquirir um navio para Cabo Verde, o navio é comprado pelo grupo português, e este aluga à Cabo Verde Interilhas. Porquê enganar os cabo-verdianos durante todo este tempo?”, questiona.
Construído na Coreia do Sul, o barco foi adquirido exclusivamente para as ligações entre São Vicente e Santo Antão, linha que representa cerca de 70% do tráfego no país. Subiu aos estaleiros navais da Cabnave para adaptações, tendo em conta as necessidades da linha e para o processo de mudança de bandeira.
A data inicialmente prevista para a viagem inaugural era a 18 deste mês, mas a Cabo Verde Interilhas emitiu um comunicado, no dia 15, a anunciar o adiamento, sem data definida, devido ao facto de ainda não estar concluído o processo de registo do barco.
O PAICV fala em recusa dos inspectores em certificar o navio.
“Os cabo-verdianos precisam saber porque é que os inspectores se recusam a certificar o navio. Também a região autónoma da Madeira demora e recusa emitir registo definitivo do navio para fazer viagens nos mares de Cabo Verde. Os cabo-verdianos precisam saber porque é que apesar do navio ser novo, como diz o MpD, a idade do mesmo e o ano de fabrico não constam dos sites internacionais relevantes para este sector”, diz.
A UCID acompanhou a declaração política do PAICV. O deputado, António Monteiro, considera que Chiquinho BL não está destinado ao transporte de carga em mar aberto.
“É um navio que, à priori, não está destinado para transporte de cargas em mar aberto. Isso vai trazer problemas aos carregadores, acima de tudo, os que fazem o carregamento entre Porto Novo e Porto Grande. Nós entendemos que os cabo-verdianos estão a pagar muito dinheiro por este serviço que não está sendo bem feito”, entende.
Em defesa, o MpD, pela voz do deputado João Gomes esclarece que o navio ainda não começou a operar porque o processo de registo ainda não terminou.
“O navio ainda não está a operar porque está no processo de embandeiramento. Eu quero ser esclarecido como é que o senhor deputado do PAICV sabe que os inspectores não quiseram inspeccionar o navio. Há alguma declaração pública do serviço de inspecção de navios? Ou será que os inspectores estão ao serviço de alguém que não de Cabo Verde?”, questiona.
O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, por seu turno, explicou, em reacção à declaração política do PAICV, que a garantia que o Governo deu ao Cabo Verde Interilhas (CV Interilhas) não é para comprar barcos, mas para garantir as operações em Cabo Verde.
O navio Chiquinho BL, da Cabo Verde Interilhas, chegou na manhã do dia 28 de Janeiro ao Porto Grande do Mindelo. A embarcação, com 76 metros de comprimento tem capacidade para 430 passageiros, 50 viaturas ligeiras e outra de até 50 toneladas de peso.