​PAICV pede celeridade na concretização de medidas. Governo diz que tem actuado em várias frentes

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,22 abr 2020 13:03

O PAICV sugere a criação de um mecanismo de acompanhamento pelo Parlamento da execução das medidas tomadas pelo Governo no âmbito do estado de emergência, decretado a 29 de Março devido à pandemia da COVID-19. Em causa, alegados atrasos na concretização das decisões, nomeadamente do ponto de vista económico.

A posição do partido foi dada a conhecer hoje no parlamento pelo líder da bancada parlamentar, Rui Semedo, na abertura do debate sobre “a crise provocada pela COVID-19, os impactos e as suas perspectivas em Cabo Verde”.

“Em matéria económica, os operadores reclamam a necessidade de as soluções chegarem com maior celeridade, e que sejam eliminadas as barreiras que se erguem entre as instituições e o sector privado, protelando as soluções para quando já não poder fazer efeito. Nesse aspecto, aproveitamos para alertar o Governo para a necessidade de um tratamento igual, sem discriminação e assertivas para que todos possam aceder aos meios disponibilizados pelo Estado e por outras instituições para salvar o emprego, socorrer as empresas e fazer funcionar a economia”, defende.

A pandemia do novo coronavírus deverá provocar uma crise económica sem precedentes, e Cabo Verde não foge à regra. À semelhança de outros países, o arquipélago anunciou uma série de medidas a concessão de garantias de empréstimos, maior liquidez, acesso mais fácil ao crédito para empresas, além de outras acções para proteger empresas e trabalhadores.

A doença, que surgiu em finais de 2019, na China, e que já infectou mais 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo e mais de 178 mil mortos, provocou uma interrupção das viagens em todo o mundo. O efeito foi imediato nos cofres dos países muito dependentes do turismo, como Cabo Verde.

O PAICV defende que o país deve, mais do que nunca, investir na disponibilização da água para agricultura e para o consumo.

“Esta crise está a gerar uma nova situação de pobreza a nível mundial, e Cabo Verde não foge à regra, com a agravante de termos vivido três anos consecutivos de seca sem programas alternativos consequentes e sustentáveis para os agricultores e criadores de animais. Neste momento, mais do que nunca, é necessário investir na disponibilização de água para agricultura, para o consumo e para higiene, tendo em conta a situação das famílias”, diz.

Rui Semedo volta a defender o alargamento dos testes de despistagem da COVID-19, assim como a utilização de máscaras como medida para impedir a propagação do vírus.O partido vai mais longe e considera que que o país não deu a devida atenção do que estava a acontecer fora do país.

“Cabo Verde, inicialmente, parece que também não terá dada a devida atenção ao que estava a acontecer fora das nossas fronteiras, e só em Março veio a despertar pela gravidade do que afinal vinha ao nosso encontro”, considera.

Actuação começou antes da declaração da pandemia

O Governo desmente a posição do PAICV. O Ministro de Estado Fernando Elísio Freire esclarece que desde que a China informou à OMS sobre o coronavírus o executivo tem actuado na prevenção e em linha com as melhores práticas internacionais.

“Neste sentido, muito antes da COVID-19 ser declarada como pandemia a 11 de Março de 2020, o Governo aprovou, em Fevereiro, um financiamento inicial do plano de emergência e o início das restrições através da interdição de voos com origem em Itália para Cabo Verde por um período de três semanas. Imediatamente após a declaração pela OMS, o Governo, através de várias resoluções do Conselho de Ministros, aprovou um plano de contingência para a prevenção e controlo da COVID-19, reforço das restrições com destaque para a inibição até 30 de Junho de 2020 de realização de eventos que reúnam números elevados de participantes vindos de países assinalados com a COVID-19, e o alargamento das interdições de voos e ligações marítimas, bem como a acostagem de navios de cruzeiro e navio veleiro e activamos o plano nacional de protecção civil”, aponta.

O governante recorda que qualquer decisão das autoridades a nível do sistema de saúde, da protecção civil, da economia, da protecção social ou da segurança só terão sucesso se cada cabo-verdiano tiver o comportamento adequado.

“Estamos perante um momento anormal. É neste contexto que o Governo tem actuado em várias frentes para proteger a vida, proteger os cidadãos, e atenuar os efeitos da crise COVID-19 sob o rendimento das famílias e todas as empresas. Temos atuados com base nas informações técnicas e científicas disponíveis em estreita articulação com os órgãos de soberania, as câmaras municipais, organizações não-governamentais, as igrejas, o Conselho de Concertação Social, sindicatos e câmaras de comércio, a Organização Mundial da Saúde e a comunidade internacional”, afirma.

Cabo Verde passa regista um total de 68 casos positivos, sendo 52 na ilha da Boa Vista, 15 em Santiago e um em São Vicente.

Um dos casos da Praia já foi considerado como recuperado da doença, enquanto o primeiro caso no país e na ilha da Boa Vista, um cidadão inglês, de 62 anos, acabou por morrer.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,22 abr 2020 13:03

Editado porSara Almeida  em  30 jan 2021 23:20

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