Durante a sua intervenção no debate, o coordenador da Comissão Política Concelhia do MpD em São Vicente, Armindo Gomes, pede uma actuação policial à altura, mas lembra que apenas a punição não resolve um problema estrutural como é o caso da insegurança urbana.
“A criminalidade está a ganhar contornos preocupantes, designadamente uma criminalidade organizada com elementos encapuzados, com armas de fogo e branca. A polícia tem de estar à altura para evitar essas coisas”, diz.
“Mas a segurança não depende apenas de polícias. A segurança depende de problemas como o desemprego, o consumo de drogas, de pessoas que não estão a cuidar dos seus filhos, da educação, da escola, do ensino. É preciso apostar não só na prevenção criminal, mas também na reinserção social dos jovens que saem da prisão”, defende.
Já o PAICV considera que os casos de criminalidade na ilha do Monte Cara, desde simples assaltos a roubos nas pessoas, nas lojas e nas casas, para além de outros crimes graves como homicídios, já eram previsíveis. A deputada municipal, Dirce Vera-Cruz, concorda com a necessidade da aposta na prevenção, mas diz que o executivo falhou.
“Já era previsível porque há um conjunto de factores que podem conduzir a estas situações, nomeadamente a própria covid-19, a guerra na Ucrânia que afectou o mundo inteiro, esse aumento exagerado de preços que as pessoas não têm conseguido acompanhar em termos de salários e do poder aquisitivo. No entanto, o Governo deveria estar preparado para fazer frente a uma situação do tipo”, entende.
Para Dirce Vera-Cruz, a situação actual prova que o aumento de penas não resolve a situação, defendendo a prevenção criminal e um “instituto de reinserção social que funcione como extremamente importante".
A UCID, através do líder da bancada municipal do partido na ilha do Porto Grande, Jorge Fonseca, entende que o aumento dos efectivos policiais não tem surtido efeito e a cobertura conseguida através das câmaras de videovigilância não é a desejável. O responsável partidário faz uma análise mais sociológica e diz que o problema está na educação e na pobreza.
“Se reparamos, mesmo os valores familiares estão a desaparecer a cada dia e tem um reflexo directo na sociedade. Outro factor que está a fazer com que a situação se torne cada vez mais grave é o desemprego. Muitas famílias não têm nada para dar aos filhos. Os filhos saem de casa, ficam na rua e aí é o viveiro da delinquência. Podemos constatar também que há uma situação de uso de estupefacientes por parte de meninos na rua e depois vem o vício e vai aparecer o roubo que muitas vezes é associado á violência”, aponta.
Jorge Fonseca defende uma aposta no policiamento de proximidade para dar tranquilidade às pessoas.
São Vicente tem sido assolada por assaltos à mão armada a estabelecimentos e residências, com relatos diários de casos de “caçu body” na via pública. Entre Abril e início de Maio, duas pessoas foram assassinadas na ilha.