Referindo-se aos números sobre a criminalidade, o deputado do maior partido da oposição, Clóvis Silva, fala num cenário de caos.
“O estado actual da justiça inspira alguma reflexão cautelosa, tendo em conta os dados anunciados e constantes dos relatórios. E aqui há registos que, para nós, não abonam favoravelmente ao cenário de melhoria que o Governo quis deixar transparecer. Não temos memória de um registo tão mau deste Cabo Verde independente. E considerar que em um único ano houve 354 crimes de homicídio e 16.098 registos de crime somente contra o património, não poderia definir outro cenário se não o de caos”, diz.
A UCID segue na mesma linha. O deputado do partido, João Santos Luís, diz que, apesar dos investimentos feitos, os resultados são insatisfatórios e que o modelo está esgotado.
“Nos últimos cinco anos investiu-se a volta de 8 milhões de contos na justiça, mas os resultados ainda não satisfazem nem o Estado, nem as empresas, nem as pessoas e nem as famílias. Ano sai, ano entra e a justiça continua igual. Nós temos que dizer, senhor primeiro-ministro, senhora ministra da Justiça, o modelo da justiça em Cabo Verde esgotou-se e há que ter coragem de mudar este modelo”, defende.
O MpD refuta o cenário de caos apontado pelo PAICV. O líder parlamentar da maioria, Rui Figueiredo Soares, fala numa melhoria crescente do sector e entende que só há motivos para confiar na justiça.
“Não acreditamos que o grupo parlamentar do PAICV, que aqui se refere ao cenário de caos, pretenda que seja esse o cenário para discutirmos a justiça em Cabo Verde. O sector está em crescente melhoria, apesar dos seus problemas, que são muitos e complexos. Em termos gerais, nota-se uma nítida redução de pendências em 18,3%, em comparação com o ano judicial de 2016/2017. À vista deste panorama, só temos razões para confiar na justiça e para confiar na melhoria crescente da justiça”, afirma.
O MpD entende que com o capital de confiança de que goza hoje a justiça, não há motivos para descrença ou populismo em relação ao sector.