Para Odailson Bandeira, ao falar através de uma declaração política, o seu partido pede ao governo uma revisão das políticas publicas neste sector, para atenuar os impactos do segundo ano consecutivo de seca.
“A sociedade civil acompanha esta dura e aflitiva realidade, os agricultores vivem-na e os deputados constatam-na no terreno, impotentes para a mudar. Quem pode alterar este quadro, assiste e insiste em como tem a situação resolvida e ou controlada (...) Bom seria que o governo, de modo responsável e em tempo útil, revisitasse as ditas políticas públicas que tem para o sector, de modo a minimizar a vida tão martirizada desses homens, mulheres e crianças no meio rural”, afirma.
O PAICV fala no regresso do que classifica de duro sistema das Frentes de Alta Intensidade de Mão-de-obra (FAIMO), com pessoas a ficarem dependentes da ajuda estatal.
Por isso, acusa o governo de inércia e alerta para as consequências do mau ano agrícola na cadeia produtiva.
“Isto tudo está a pôr em causa a segurança alimentar e a saúde nutricional de uma boa franja dos cabo-verdianos. O desemprego no campo aumenta exponencialmente, os rendimentos escasseiam e a pobreza é muito maior, não somente no meio rural mas também nos grandes centros urbanos, como Mindelo, Praia, Assomada e São Filipe. A água disponível para rega, para os animais e para as pessoas, é ínfima. A situação é mesmo de penúria em zonas dos diferentes municípios”, indica.
O maior partido da oposição considera que a situação é grave e que algumas regiões devem ser consideradas zonas de calamidade.
Em defesa do governo, o deputado Armindo Luz (MpD) refuta as acusações do PAICV e aponta a resolução das dificuldades de acesso à água na ilha de Santo Antão.
“Este governo tem tido uma postura nunca antes vista para com os nosso agricultores, os nossos homens do campo, e com aqueles que também que se dedicam à pecuária. Ele [deputado do PAICV] falou, por exemplo em 'latinhas de água', nós não trabalhamos para 'latinhas de água'. Vejam, por exemplo, todo o sistema de adução e distribuição de água na zona de planalto leste [Santo Antão], que já está em funcionamento, de onde as pessoas já podem ter água à vontade”, refere.
A UCID, por seu lado, apoia a declaração política do PAICV e acusa o governo de não querer ver a real situação do país. João Santos Luís denuncia aquilo que classifica de inércia do executivo.
“Na verdade, temos que dizer que existe uma inércia perfeita, o governo e o MpD acho que não visitam a ilha de Santo Antão, pelo menos para verem a situação em que está Lagoa, o planalto norte (...) Somos deputados nacionais e conhecemos toda a realidade do país e não podemos estar a ouvir o colega do MpD, para quem ao que parece tudo está bem”, afirma.
O governo já anunciou 566 mil contos para a atenuação dos efeitos do mau ano agrícola. Uma medida aprovada em Conselho de Ministros que, segundo a tutela, visa o reforço da capacidade produtiva a nível da pecuária, mas também a mobilização de água e a criação de emprego.