A posição foi expressa hoje, no parlamento, no arranque do debate com o primeiro-ministro sobre “o turismo e seus impactos no desenvolvimento do país”.
Janira Hopffer Almada, deputada do PAICV, afirma que não são claras as políticas do governo para o sector e recorda que a meta do país para o aumento do número de visitantes já foi mais ambiciosa.
“Esta meta já foi mais ambiciosa, com o país a crescer a 1%, prevíamos atingir 1,2 milhões de turistas por ano. Mas [o governo] não nos diz como pretende fazer isso de forma sustentável e com impactos positivos na vida de cada cabo-verdiano. Como conseguir isso, se a oferta de voos nos principais mercados é dominada por duas ou três companhias charter, essencialmente para as ilhas do Sal e da Boa Vista? Como, se o transporte inter-ilhas é insuficiente, ineficaz e pouco previsível e os preços das passagens são tendencialmente elevados?”, questiona.
Na mesma linha, o deputado da UCID, António Monteiro, alerta que sem a resolução da questão dos transportes não se pode dizer que o sector do turismo está de boa saúde. Para o parlamentar dos democratas-cristãos, a meta de um milhão de turistas até 2021 é escassa.
“Cabo Verde tem condições para ultrapassar o almejado milhão de turistas em 2021. É uma meta muito fraca, podemos crescer muito mais, podemos ter mais do que um milhão de turistas em 2021. É preciso investir, é preciso fazer aparecer hotéis na Brava, em São Vicente, mais aqui em Santiago, em São Nicolau. Aí sim, estaríamos a prestar um excelente serviço a esta nação. Se ficarmos com esta meta minguada, de um milhão, pouco ou nada alimentaremos a esperança deste povo”, afirma.
Em resposta, o líder da bancada parlamentar do MpD garante que as medidas implementadas pelo governo no sector “têm produzido efeitos visíveis”.
A meta, segundo Rui Figueiredo Soares, é chegar ao top 30 dos países mais competitivos, em 2021
“O governo tem arduamente trabalhado para que Cabo Verde atinja efectivamente um milhão de turistas estrangeiros por ano até 2021. Trata-se de uma meta perfeitamente alcançável, em razão dos resultados conseguidos pelo governo no capítulo do turismo. O executivo mostra, a cada dia que passa, que se tem empenhado em promover, de mãos dadas com o sector privado, políticas consistentes para fazer crescer acima da média as receitas por turista em relação aos nossos principais concorrentes e chegar a 2021 no top 30 dos países mais competitivos do mundo, em matéria de turismo e no top 5 em África”, aponta.
O debate com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva marca o arranque da segunda sessão plenária deste mês, que começou hoje. Durante a sessão vão estar sobre a mesa algumas propostas e diplomas para debate e aprovação, nomeadamente a proposta de lei que cria o Fundo Soberano e a concessão da gestão dos serviços aeroportuários.