Governo de olhos postos nos transportes aéreos internos

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,13 mar 2019 12:45

José Gonçalves
José Gonçalves

Após a privatização da TACV Cabo Verde Airlines, o foco do Governo está agora na consolidação dos transportes aéreos internos e procura de soluções sustentáveis para ligar Praia e Mindelo a Lisboa. Garantia dada hoje pelo ministro do Turismo e Transportes, José Gonçalves, no arranque da primeira sessão plenária de Março.

Gonçalves garante que há interessados em entrar no mercado interno.

“Andamos à procura de soluções para resolver as necessidades e potencialidades nos vários segmentos do transporte aéreo doméstico. O mercado continua aberto e t~em aparecido alguns interessados. É desejável ter concorrência lá onde há sustentabilidade para os operadores. A aviação civil comporta investimentos avultados e poucos investidores estão dispostos a arriscar num mercado pequeno, embora crescente, como é Cabo Verde. Há segmentos de pequenos aparelhos para complementar os ATR médios, como já existia há poucos anos no segmento de aerotáxi e fretamento, ligados ao turismo e negócios. Há segmentos como Praia/Lisboa ou São Vicente/Lisboa que continuamos à procura de soluções de complemento ao hub do Sal”, explica.

No segmento de carga aérea, o governante explica que a Guarda Costeira e os Correios estão a estudar uma solução conjunta para oferecer o serviço. O mercado, diz o ministro, tem potencial para a existência de transporte por helicóptero.

“Há ainda potencial no mercado para transportes por helicópteros, não só para responder à procura de turistas mas para servir em caso de urgência e evacuação médica, ou ainda transporte de pessoas de negócio”, diz.

José Gonçalves avança que está em curso a elaboração de uma carta política para o desenvolvimento do sector dos transportes aéreos, assim como a modernização da legislação e regulação no sector da aviação civil. Quanto à venda de 51% do capital da companhia aérea nacional à Loftleidir Cabo Verde e à concessão dos transportes marítimos, a tutela assegura que resolveu dois problemas.

Sevenair não descarta operação inter-ilhas em Cabo Verde

A companhia aérea portuguesa, Sevenair, não quer limitar a sua presença no mercado nacional ao transporte de doentes e não exclui mesmo a hipótese de vir a operar voos domésticos. Ao Expresso das Ilhas e Rádio Morabeza, fonte da Sevenair garante que Cabo Verde "é um mercado de aposta".

Oposição questiona preço de venda da TACV. MpD  fala em sábia solução

Por seu lado, o PAICV diz-se preocupado com a forma como o Governo tem feito a gestão da coisa pública, sobretudo no sector dos transportes. O partido volta a falar de gestão obscura.

Janira Hoppfer Almada acusa o Governo de vender a Cabo Verde Airlines a "preço de rifa", ao mesmo tempo que questiona a avaliação patrimonial feita à empresa.

“Até hoje, e depois de ter vendido a TACV a preço de rifa, o Governo não conseguiu dizer ao país que avaliação foi feita dos TACV, apesar de a avaliação ser uma imposição da lei. Afinal, quem fez a avaliação da TACV? Como foi feita? Onde está o estudo de avaliação? Porque se fez, conforme notícias veiculadas, apenas avaliação patrimonial dos TACV, porque não se avaliou as oportunidades de negócio? Como é que se chegou ao valor de 143 mil contos para se entregar a nossa companhia de bandeira? Porque razão a quota de mercado dos TACV nas linhas domésticas, que corresponde a 30% do capital social da Binter CV, não entrou na avaliação feita? Para a companhia de bandeira ter sido vendida por 143 mil contos quer dizer que uma boa parte das suas dívidas terá sido assumida pela companhia que comprou. Quais são? Quais é que foram assumidas?”, questiona.

Também a UCID, que solicitou o debate com o ministro do turismo e transportes, considera que o Governo fez um mau negócio com a Loftleidir Cabo Verde. A maior preocupação do deputado António Monteiro tem a ver com o passivo da empresa.

“Mas agora é preciso relembrarmos que nós temos 15 milhões de passivo, que é um problema de tesouraria, é um problema de caixa que todos os cabo-verdianos irão pagar. Eu preferiria, como cidadão, que a linha internacional fosse dada de ‘mão beijada’ à Loftleidir, mas que assumisse o passivo. Agora, vender pelo valor que vendeu e os cabo-verdianos assumirem o passivo, senhor ministro, foi um mau negócio, foi um péssimo negócio”, entende.

Já o MpD entende que o executivo resolveu um crónico problema com soluções sábias. O líder parlamentar da maioria, Rui Figueiredo Soares, afirma que o contrato de compra e venda da TACV é realista, demonstra que o Governo cumpriu uma das suas prioridades, e que não foge às suas responsabilidades políticas.

“Ao invés de protelar decisões tomou-as em tempo oportuno. Ao invés de empreender medidas paliativas que só servem para agravar os problemas, enfrentou estes com coragem, resolvendo-os. Muitos não acreditaram que seria possível chegar a acordo para a privatização da TACV nas condições conseguidas – uns por pessimismo, mas outros por alimentarem a vã esperança de que não resolvendo este Governo ficaria provado que estávamos perante um problema impossível de se resolver”, diz.

Recorde-se que o preço de venda de 51% da companhia de bandeira à Loftleidir Cabo Verde foi de 143 mil contos, conforme informações avançadas em comunicado pela Unidade de Acompanhamento do Sector Empresarial do Estado (UASE), emitido no dia 3 de Março. O acordo de privatização foi assinado no dia 1 de Março entre o governo e a subsidiária da Loftleidir Incelandic.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,13 mar 2019 12:45

Editado porFretson Rocha  em  3 dez 2019 23:21

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