Coronavírus: O dia em revista

PorExpresso das Ilhas,31 mar 2020 19:26

Começa a ser difícil seguir o fio a todos os casos suspeitos testados. Se as contas não se baralham, entre ontem e hoje foram 4 (balanço de ontem) mais 8 (ontem, depois do balanço diário) mais 7 (hoje): 19 portanto. Mas há uma boa notícia. Há três dias que nenhum exame feito dá positivo para o coronavírus.

O rasteamento aos contactos do casal da Praia infectado têm dado todos, resultado negativo. Boas notícias para a capital. Na Boa Vista, onde apareceu o primeiro caso de COVID-19 no país, as probabilidades de haver mais casos positivos parecem estar a aumentar. Isto, porque o número de suspeitos também aumenta a cada dia. Mas até agora, além dos três casos importados, mantém-se a estatística de um paciente por contágio local.

Em São Vicente, onde ainda ontem não havia nenhum caso suspeito... já tem um caso em análise.

Mais detalhes do Balanço de hoje, aqui.

Entretanto, Continuam a sair comunicados de várias empresas a suspender serviços ou a alterar algumas regras de funcionamento na na relação empresa/clientes seja a nível do atendimento, seja a outros níveis.

A Sol Atlântico, empresa que garante o transporte colectivo urbano na Praia, anunciou a suspensão temporária da actividade. A empresa justifica, baseando nas “regras” do estado de emergência e luta contra o contágio e propagação do coronavírus. Tratando-se de um serviço de utilidade pública do qual a capital de Cabo Verde se vê privada, é expectável uma posição do governo, central ou local, face a esta decisão.

A Electra garante que o fornecimento dos seus serviços não deverá sofrer interrupção ou falha alguma e apela ao pagamento das contas de electricidade por meios alternativos não presenciais. Entretanto, como refere o PCA ao Expresso das Ilhas, vai haver uma moratória para a regularização de dívidas que levam ao corte: no período até 17 de Abril (e por motivos óbvios, relacionados com o dever de confinamento) não haverá cortes de luz.

Um passo de cada vez, mas o cenário para a economia nacional que se começa a desenhar é bastante sombrio. Na melhor das hipóteses, segundo estimativas do governo, o desemprego irá disparar para os 20%. Quanto ao Orçamento do Estado para 2020, “pifou”, diz Olavo Correia. Na verdade, o impacto da epidemia em todas as áreas da vida do país é tão grande, muda tanta coisa, chamar Orçamento Rectificativo ao documento a apresentar ao Parlamento em Junho, é um formalismo e eufemismo. “Será um novo Orçamento”, avança o ministro das Finanças.

Um dos sectores que já está a sentir fortemente o impacto desta pandemia é o sector musical. Hoje, as duas entidades nacionais que salvaguardam os direitos de autores, músicos e outros profissionais do ramo, a Sociedade Cabo-verdiana de Autores (SOCA) e a Sociedade Cabo-verdiana de Música (SCM), vieram pedir a atenção do governo para a classe.



COVID-19 no mundo

Na Hungria foi decretado o estado de emergência e com ele vieram medidas que deram poderes plenos a Viktor Orbán. O primeiro-ministro pode agora governar por decreto, sem consultar o parlamento. Não há data estabelecida para o fim deste regime de excepção.

As redes sociais estão a vigiar e apagar mensagens do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Depois do Twitter, também o Facebook e o Instagram, “entenderam que postagem do presidente cria desinformação que pode causar danos reais às pessoas diante de pandemia”, relata o Folha de São Paulo.

Já há data marcada para os Jogos Olímpicos, que foram adiados para 2021, devido à pandemia de COVID-19. Os Tóquio2020 (o nome mantém-se) vão realizar-se entre 23 de Julho e 08 de Agosto de 2021, praticamente um ano depois das datas previstas, anunciou o presidente da comissão organizadora japonesa, Yoshiro Mori.

Números

Até às 18h desta terça-feira, contabilizavam-se 839.544 casos de infecção em todo o mundo (759.302, ontem), 176.086 dos quais recuperados (159.415, ontem). O número de mortes é 41.328 (36.432, ontem).

(fonte: https://coronavirus.thebaselab.com/ às 18h00 de dia 31/03)

Sugestão do dia

Hoje sugerimos a leitura de um artigo do El País que mostra as diferenças na contagem dos mortos com/por coronavírus por país.

A verdade é que não há um único critério para contabilizar os falecidos. Por exemplo, de acordo com o jornal espanhol, a Espanha (que só ontem registou 812 mortes) não conta as pessoas que morrem nas suas residências e a quem não são feitos testes de detecção. A França nem sequer regista mortes que ocorram fora dos hospitais. A Itália inclui na contagem todos os pacientes que testaram positivo, mesmo que tenham morrido por outras causas.

Pode ler o artigo aqui.

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Também o New York Times refere a preocupação de alguns especialistas em relação às estatísticas chineses. Dizem os mesmo que a China poderá ter subestimado a extensão do seu surto e do número de mortes. A contagem de cerca de 82.000 casos confirmados no país não inclui pessoas que testam positivo, mas não mostram sintomas. (NYT)

Ou seja, no final, “a posteriori, poder-se-á fazer uma aproximação mais ou menos exacta [do número de falecido], mas sempre uma aproximação”, como disse Ildefonso Hernández, porta- voz da Sociedad Española de Salud Pública (Sespas), citado pelo El País.

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Autoria:Expresso das Ilhas,31 mar 2020 19:26

Editado porSara Almeida  em  5 jan 2021 23:21

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