Luís Morais, 55 anos a tocar Boas Festas

PorBrito-Semedo,23 dez 2022 12:26

Há 55 anos que o Boas Festas de Luís Morais é tocado em todas as rádios e passado nas televisões nacionais, ano após ano, durante toda a época festiva. Começa a ser ouvido no dia 1 de Dezembro e é como que o anunciar de que as Festas de Natal e de Fim d’Óne chegaram.

Nharmon Manel

Tem um bode motche capode

El tel marrod

Na ladirinha di Mon pa Trás

No ta p’di Deus

Pa dal um morte desembraçod’

Que pa nô ba cmel

Q’mandioca fresca di Sinagoga

“Boas Festas”,Canção tradicional

Este é um fenómeno, de que não se sabe explicar, de como o povo criou um ícone musical ligado a uma época festiva e que já se tornou uma tradição. Tanto é que já ninguém se lembra de como eram essas festas antes de existir a gravação do Boas Festas, em 1967, tão entranhado que está na tradição do povo.

Nestas Festas, levantemos as nossas taças e façamos um brinde e uma tríplice homenagem: ao genial Luís de Musa e seu clarinete de ouro; ao prestigiado conjunto Voz de Cabo Verde; ao Djunga de Biluca, patrão da Morabeza Records. Saúde! Saúde! Saúde!

Luís de Musa – Luís Morais (São Vicente, 1935 – 2002), instrumentista (sopro), compositor, arranjador, regente, professor.

Lembrado ano após ano pelo Boas Festas, tema tradicional do Natal para o qual fez um arranjo e gravou em 1967.

Luís Morais teve uma “vida musical multifacetada, como intérprete a solo, compositor de letra e música, líder de grupos, regente de banda, professor… Veio duma família de músicos em que todos tocavam instrumentos de sopro, especialidade em que se tornou o expoente máximo na música cabo-verdiana” (Nogueira, 2016).

Voz de Cabo Verde – Fundado em Roterdão em 1966 e integrado por Luís Morais, Frank Cavaquinho, Jean da Lomba, Toy Ramos e Morgadinho (Bana e Djosinha como vocalistas, em diferentes momentos), viria a ser um dos mais célebres grupos musicais de Cabo Verde e com uma vasta discografia gravada.

Celebrizado nos anos 1960, o grupo desdobrou-se até 30 anos depois, Voz de Cabo Verde I (1966-1970), Voz de Cabo Verde II (1972-1985), Voz de Cabo Verde III (2002-2003).

Djunga de Biluca – João Silva (São Vicente, 1929-). Fundador da primeira editora cabo-verdiana, Morabeza Records, em Roterdão, em 1965, tendo editado 40 LP na segunda metade dos anos 1960 e início dos anos 1970, o que faz dele uma figura incontornável na história da música de Cabo Verde. É, para além disso, compositor, tendo letras musicadas por Luís Morais, Tazinho e Bonga.

Djunga de Biluca tem as suas memórias registadas no livro De Ribeira Bote a Rotterdam, 2009.

Luís de Musa, toque Boas Festas mais uma vez!

Nharmon Manel

Tem um bode motche capode

El tel marrod

Na ladirinha di Mon pa Trás

… … … …

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1099 de 21 de Dezembro de 2022.  

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Autoria:Brito-Semedo,23 dez 2022 12:26

Editado porSara Almeida  em  14 set 2023 23:28

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