Artigos de César Monteiro no nosso arquivo
Tey Santos: a marca notável de um baterista e percussionista sanvicentino
“A vida dá muitas voltas e nunca se sabe o que virá pela frente (…). A simplicidade, a humildade e a gentileza não aparecem ‘por dá cá aquela palha’”! (Tey Santos, 2023)
Nha Balila: o árduo percurso de vida de uma batucadeira santiaguense
Uma infância e adolescência num meio rural áspero No sopé da imponente Serra Malagueta e cujo maciço montanhoso se situa na parte Norte da Ilha de Santiago, no entroncamento entre os Concelhos de Tarrafal, São Miguel e Santa Catarina, mais precisamente no povoado de Tchan di Curral (Chã de Curral), nascia, a 15 de maio de 1929, Isidora Semedo Correia que, desde a mais tenra idade, passaria a ser alcunhada pelos seus pais de Balila, que, na gíria popular santiaguense, significa “bali pena” (vale a pena).
A outra faceta do percurso biográfico ascendente de Orlando Mascarenhas
Sob o signo de Virgem, nascia, a 24 de agosto de 1935, no meio da Travessa Dr. António Lereno, que liga a então Rua Sá de Bandeira ao Hospital da Praia, mais precisamente no Plateau, freguesia de Nossa Senhora da Graça, Concelho da Praia, ilha de Santiago, Orlando José Mascarenhas, filho de Frederico José Mascarenhas e de D. Maria Nascimento Lopes Andrade, na pequena casa que pertencia à sua avó materna.
O percurso musical de Dany Mariano
A música cabo-verdiana, considerada um dos esteios maiores do universo identitário e simbólico nacional, tem sido, desde sempre, construída, reproduzida e recriada através, também, do prestimoso contributo dos compositores e intérpretes, tanto nas ilhas como na diáspora, num processo de criação e de prática musical, que a valorizam e a projetam para patamares cada vez mais elevados da cultura transnacional.
Uma viagem literária de Madalena Neves no tempo
A literatura, independentemente da forma que assuma, é expressão do social, isto é, permite aproximar-se do social, captá-lo, capturá-lo e lê-lo, através das manifestações escritas em poesia ou em prosa, socorrendo-se de instrumentos analíticos adequados.
O humor de Rocca Vera-Cruz na desconstrução da vida quotidiana mindelense
O quotidiano constituiu-se, sem dúvida alguma, numa fonte potencial do conhecimento, passível de ser tratado pelo humor, este último entendido como processo comunicativo presente em todos os lugares da vida humana e mecanismo eficaz de controlo social.
Nha Vão e o pendor satírico da morna boa-vistense
A música cabo-verdiana, seja ela qual for, abordada na sua dimensão social, constitui-se num dos marcadores e veículos privilegiados de expressão da identidade nacional e é produto da convergência, do encontro e da sobreposição de elementos musicais europeus, mormente de origem portuguesa, com elementos africanos, que se verificaram por ocasião do povoamento do arquipélago, na linha de um processo de miscigenação musical, cuja data, todavia, não se pode precisar.
Música cabo-verdiana, diversidade e centralidade da investigação
Sinto-me muito honrado e privilegiado pela circunstância de ter sido convidado para, primeiro, prefaciar esta notável obra consagrada inteiramente à música cabo-verdiana, e, posteriormente, proceder à sua apresentação pública no emblemático espaço cultural da Biblioteca Nacional, na Cidade da Praia.
Luís Morais, a grandeza humana de um ícone da música cabo-verdiana
“O clarinete, as melodias e os solos de Luís Morais constituem uma ponte emotiva entre ele e o seu povo, entre o hinterland e a diáspora”. (Corsino Fortes)
Um monumento incontornável da música cabo-verdiana, em tempo de festas - a outra face
No contexto de uma família urbana modesta, nasce, a 10 de fevereiro do ano de 1935, na Ribeira Bote, freguesia de Nossa Senhora da Luz, na cidade do Mindelo, São Vicente, Luís Ramos Morais, de nome completo, filho de Raimundo Conrado Morais (Musa) e de Guilhermina Antónia Ramos (Nhá Guilhermina ou Gadjome), ambos solteiros e, também, naturais da ilha do Porto Grande.
A centralidade da morna na música cabo-verdiana: um debate em aberto
“Hipóteses têm sido apresentadas, mas nenhuma delas baseada no estudo técnico e comparativo desta canção, estudo que se nos afigura indispensável para se caminhar com relativa segurança neste domínio das origens”. (Baltasar Lopes)
Celina Pereira, a guardiã das nossas tradições orais
Seja qual for a sua condição ou o seu estatuto como sujeito criador, o artista não se dissocia do contexto sociocultural em que se insere onde, aliás, constrói a sua identidade e o seu próprio estilo, através de sucessivos processos de ressocialização, que atravessam a sua carreira e contribuem, ao mesmo tempo, para o seu aprimoramento artístico, deixando nela marcas visíveis.
Adriano Lima: um notável percurso de vida
As comunidades constroem, nem sempre de forma consciente, dinâmicas próprias protagonizadas por atores sociais portadores de vontades, ambições e desejos legítimos, que se consubstanciam em projetos de vida específicos e de metas inseridas em contextos históricos marcados pela sua singularidade.
Guilherme Chantre: Um Educador carismático
Nas suas dinâmicas de configuração e recomposição socioculturais, a sociedade cabo-verdiana é tributária do valioso contributo de homens e mulheres, nos mais variados domínios, com relevância para os da educação e da cultura, cujas marcas indeléveis transitam de geração em geração.
Na encruzilhada do património imaterial
Marca primordial da cultura nacional e prática musical dançante, a morna, que precede o fado português, em termos cronológicos, não obstante as semelhanças melódicas e líricas entre ambos os géneros, terá nascido na Boa Vista, no primeiro quartel do século XIX.
Manuel Faustino: o médico comprometido com a criação musical (II Parte)
À data da partida de Manuel Faustino para Coimbra, precisamente no limiar do último trimestre de 1965, no intuito de prosseguir os estudos universitários, o ambiente musical em São Vicente caracterizava-se, em linhas gerais, por alguma efervescência, tendo em atenção, por um lado, o crescimento urbanístico da cidade portuária e, por outro, a pujança da ilha, em termos socioculturais, a despeito dos constrangimentos e dificuldades de vária índole. O fértil universo imaginário da infância e adolescência de Faustino, no plano meramente musical, é povoado, entre outras coisas que então o fascinavam, pelas famosas e populares salas de baile de João Tolentino e de Zé de Canda, mas, sobretudo, pelos célebres bailes de viola e bico, à volta dos quais gravitavam figuras musicais sobejamente conhecidas e veneradas do meio mindelense. “O meu pai não tocava nenhum instrumento musical, nem cantava, mas, eu ainda criança, passava-me uma certa amizade, diria, alguma preocupação justificada com a música, que terá ficado inscrita em mim para a vida inteira”.
Manuel Faustino: o médico comprometido com a criação musical (I Parte)
Numa Sexta-Feira da Paixão do dia 26 de Março de 1948, nascia na antiga Rua dos Descobrimentos, mais conhecida por Rua de Papa Fria, na Cidade do Mindelo, ilha de S. Vicente, Manuel da Paixão Santos Faustino, que, já adulto, viria a receber a alcunha de Tilela, no círculo das suas relações de amizade. “O Edgar Silva (Gaia), mais velho que eu, veio de férias a S. Vicente, em 1965, no mesmo ano em que eu partia para Portugal, procedente de S. Paulo, no Brasil, onde vive, há muitos anos, e passou a chamar-me, afectuosamente, de Tilela, pois, por sinal, o seu pai respondia por Lela”.
Pedro Gregório: o sentido musical da Arquitectura (parte II)
A dupla pertença a meios socioculturais diversos - o de nascimento e o da terra dos ancestrais -, na perspectiva da estratificação, não coloca a Pedro Gregório, de modo algum, questões de índole identitária e comportamental, que tenham, no essencial, inibido a sua trajectória de vida. Ainda na fase da infância, num contexto marcadamente rural, revela, outrossim, notáveis habilidades para trabalhos de barro, expressão maior da sua relativamente fácil integração comunitária. Lembra-se, com alguma nostalgia, de “quando chovia, havia lama, brincava como todas as outras crianças da minha geração e, para além do desenho, construía bonecos com o barro e outras coisas” indiciadoras da sua prematura inclinação ou propensão artísticas.
Pedro Gregório: o sentido musical da Arquitectura (parte I)
Na acolhedora Cidade do Mindelo, nasce, a 15 de Julho de 1932, Pedro Gregório Lopes, de nome completo, no seio de uma família rural “modesta normal” sanicolaense, de parcos recursos, relativamente numerosa, que emigrara para a ilha de S. Vicente no ano precedente à data do seu nascimento.
Tonecas Marta: A força de uma voz melodiosa no fulgor do tempo (parte II)
Na senda da sua vocação pedagógica, a Igreja do Nazareno da Praia terá constituído, seguramente, um dos espaços privilegiados de socialização musical de Tonecas Marta onde, para lá da aprendizagem rudimentar do canto, aprende a interpretar hinos e faz parte do coro que, de forma regular, actua em actividades de cariz religioso.
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