Artigos de Dina Salústio no nosso arquivo
Conhecimento e Emoções
Neste momento brilhante que é a chegada do livro Porto Memória ao públicoreservei os primeiros minutos, com a autorização do autor da obra, Professor Manuel Brito-Semedo, para em meu nome pessoal, cumprimentar a editora deste livro, a Rosa de Porcelana Editora e os queridos editores Dr. Filinto Silva e Professora Márcia Souto, em primeiro lugar – pelas pessoas que são – e, depois, pelo seu desempenho que desde o primeiro lançamento vem ganhando o reconhecimento de todos, seja na aposta na valorização do produto-livro, ou na abrangência das opções de escrita, também no compromisso exigente com o sector editorial, no dinamismo oportuno que imprimem aos vários atos literários e culturais, entre outros.
Catorze de Fevereiro
Mil novecentos e sessenta e três. A guerra colonial e os seus muitos lados. Caos nas nossas cabeças. Incapacidade para definir, compreender ou aceitar interdições, proibições e conceitos absolutos.
Março Solidário
Em celebração de março e a convite do projeto Semana da Mulher, promovida pelos Leitorados Brasileiros na Universidade de Cabo Verde (UNICV), na Universidade do Cabo (UCT) e na Universidade de São Tomé e Príncipe (USTP), em parceria com o Grupo de Pesquisa Escritas do Corpo Feminino UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, abraço o tema: “Homenagem a uma mulher que tenha feito a diferença em suas vidas, dando um testemunho sobre ela”.
Um domingo silencioso
Como por milagre esquecem-se as velhas dores, as batalhas perdidas e os desprazeres vividos, as doenças antigas, como se a tristeza tivesse começado num dia absolutamente identificado, um ano antes.
Crónicas da Dina Salústio: Falar de Amor Sem Truques
Escrever sobre o amor é tão ou mais difícil do que vivê-lo, porque ao escritor faltam redes que o aparem numa desilusão criativa, faltam os suportes físicos e emocionais que ditem a respiração da frase, o brilho de uma tarde na folha esguia ou a subtileza necessária para que o jogo prossiga.
Crónicas da Dina Salústio : FAIDEI! FAIDEI!
Tudo à volta parece inacabado, sem perspetivas e demorado e a quase calma ou o quase silêncio apelam ao bom senso e aconselham a adiar esta crónica para o ano 2021.
Crónicas da Dina Salústio: “Las estrellas solo brillan cuando el cielo está oscuro”
Tão pequeno o mundo que fazemos que nele não cabem opiniões e perceções diferentes?
A escrita está na rua
A crónica de hoje, lembrando as mulheres-família da paragem do autocarro e pensando nas crianças, naquela criança que não podemos deixar para trás.
Nós somos as nossas memórias
Como estaríamos nesse longo período de confinamentos seguidos devido à Covid-19 se não tivéssemos memórias que nos apoiassem, recordações que nos motivassem a não desistir?
“Plantei uma árvore, tenho um filho e escrevi um livro: sou uma pessoa realizada” …A sério?
Hoje queríamos prestar homenagem às pessoas solidárias e competentes que nos fazem parte do seu mundo e fazem este país acreditar que vamos ficar bem.
DIA DE ÁFRICA Hoje eu sou uma Menina do Sudão. Parabéns África!
Para o dia de África, que se aproxima, escolhi o Sudão como bandeira para as comemorações. É certo que nestes tempos em que a pandemia da Covid-19 constitui uma ameaça generalizada, as celebrações obedecem a critérios especiais para se manifestarem.
Lentidão é Beleza
Nesta crónica, o que eu pretendo mesmo é mandar um carinho especial às mulheres e homens que se encontram na nossa terra, em ocupações e missões as mais diversas, longe dos países, dos lares e das famílias.
Vamos sobreviver
“Mantenha-se afastado dos possíveis focos de contaminação”, “Fique em casa”.
Estou nas tuas mãos
“Lavar as mãos é sinal de civilidade, de espírito comunitário, de generosidade e responsabilidade”.
O Beijo nos tempos do Coronavírus
O beijo é a atual forma mais vulgar de saudação entre os cabo-verdianos, isto é, nas mulheres entre si e entre elas e os homens. No que respeita aos homens não temos conhecimento desse hábito salvo e, raramente, entre pais e filhos – estamos a falar de adultos – em determinadas circunstâncias. Contudo, nem sempre foi assim.
RAIVA
Chego a Lisboa e rapidamente faço uns telefonemas para me situar. Aproveito para as notícias restritas, os queixumes e as vanglórias. Ao escrever esta palavra dou conta que há glorias vãs, vazias, pequenas e parvas sobretudo quando nos entregamos aos pequenos feitos – que, possivelmente, julgamos mais à nossa dimensão - e para os quais, na verdade, com nada contribuímos. Então para quê aventurarmos a cair no ridículo de forma tão pretensiosa e pobre?
Palavras de Silêncio
A noite enrolou-se à volta da árvore, reacendeu o brilho intermitente das luzes sobre o Menino Jesus do presépio e fez disparar a ansiedade do bisavô que não para entre a cozinha e as janelas e inventa serviço, sob o olhar tranquilo da esposa.
O Futuro da África para lá da Ajuda
…. Quando escrevo há duas marcas que faço questão atravessem a minha escrita: ser mulher e ser africana. Defino-me como mulher, independentemente de ter nascido menina, porque me identifico e luto ao lado das causas que defendem a equidade e o empoderamento da mulher. Defino-me como africana porque independentemente de pertencer ao continente e de ter riscado na pele a sua profunda presença, identifico-me e luto ao lado das causas que defendem o desenvolvimento e a liberdade da África.
Literaturas em Tempo de Resistência
O nosso país podia-se chamar Resistência, sim, porque para além de tudo o que o põe em contramão com outras terras é um país incrivelmente belo este que nós estamos a construir.
O Que é Cultura?
No encerramento do Festival do Livro Morabeza – 2019 participarei da conversa com a escritora americana Shauna Barbosa, cabo-verdiana descendente, moderada pela professora Eurídice Monteiro, sobre o tema “Mulher e Cultura”. Preciso de balizas e lembro o meu professor de antropologia Mesquitela Lima, dizendo que Cultura é tudo o que o Homem acrescenta à sua natureza. Nos anos setenta, ou mesmo oitenta e mais, não se associava a mulher às definições pretendidas como universais e é somente a partir da Conferência de Beijing ou muito perto deste evento que o homem, pelo menos para as Nações Unidas, deixa de representar a mulher ou, simplesmente, deixa de ser proclamado sinónimo de humanidade. Maio de 68 estava longe, mas a aprendizagem continuava.
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